Marliete Rodrigues: A grandeza das pequenas coisas
O lugar em que Marliete veio ao mundo é destino. Sobrinha de Manoel Eudócio, vizinha de Vitalino, uma entre os onze rebentos de Zé Caboclo com dona Celestina, Marliete Rodrigues abriu os olhos num Alto do Moura já em reconhecimento como um dos principais centros de arte figurativa das Américas. Quando viu o mundo, a menina o viu cercado de barro. De um barro já de colorido vivíssimo.



Quando começou, fazia em grandes dimensões as figuras clássicas, como os personagens do maracatu, criadas pelo pai Zé Caboclo. Nos anos 1980, Socorro, a irmã mais velha, tinha começado a fazer peças em miniatura. Curiosa, Marliete revelou uma habilidade incomum nas dimensões diminutas - cenas inteiras que cabem no meio da palma de uma mão.
Cronista do afeto e da vida familiar, Marliete se notabilizou pela perícia com que faz cenas do cotidiano, principalmente de crianças em torno da figura da avó. Reconhecida pela perícia de suas criações, os personagens de Marliete impressionam pela força das expressões faciais. São avós, meninos e meninas que "falam" com seus pequenos olhos vívidos de cerâmica. "Gosto muito de observar os rostos das pessoas. No começo, fazia uma expressão muito séria, uma boca travada. Com o tempo, senti vontade de mostrar alegria nas bocas e no olhar", conta a artista, ciente da grandeza das pequenas coisas.
