Maria de Ana das Carrancas
Quem conta a história é a própria Maria da Cruz, filha que herdaria de Ana das Carrancas a perícia com a argila: "Mãe disse que, quando menina, um homem de olhos azuis olhou para ela e falou: Coitada, menina e preta, essa aí não vai dar para nada que preste na vida’. Aquilo doeu muito nela”. Como resposta silenciosa, Ana teria dito para si mesma: “Meu nome é Ana Leopoldina dos Santos. E eu vou marcar meu nome na história desse lugar”.


Adulta e rebatizada com o nome de Ana das Carrancas (1923-2008), sua mãe teve uma trajetória de mais de cinquenta anos celebrada por suas carrancas moldadas no barro extraído do São Francisco. Carrancas, como sabemos, de olhos cegos - numa homenagem declarada ao marido que nascera com a deficiência.
“Quando eu tinha sete anos, ela pegou uma encomenda de quinhentas peças para a praça do porto de Petrolina. Eu fazia a parte da barquinha; e ela, a cabeça e colocava a cobertura. Aí, me escondi e fiz uma peça bem bonitinha. Fiquei com medo de ela não gostar, mas entreguei e os olhos dela brilharam. Ela disse assim: ‘Agora, eu tenho quem me ajude. Senti que os olhos dela quiseram lacrimejar”.
Para saber mais, acesse nossa loja para adquirir a versão impressa ou digital dos livros.
