Cida Lima: O barro tem cabeça
Nascida no ano de 1968 no sítio de nome Rodrigues, em Belo Jardim, com sete ou oito anos de idade, Cida era já louceira. Sem uso do torno, a comunidade se valia do saber ancestral da louça cabocla, herança remotamente indígena de pegar o barro do tipo tauá – palavra de origem tupi-guarani que significa apenas barro vermelho ou molhado – e, na dança das mãos sobre a matéria, ir lhe dando formas até obter potes e panelas. “Era os utensílios que a gente usava no dia a dia para tudo”.



De pouca roça e pasto raro perto de casa, a louça era também sustento. Pequena, a menina recebia de um avô cego o barro já amassado. Da avó materna, Olívia Maria, os ensinamentos para ir moldando a argila. Hoje, Cida Lima é reconhecida uma das mestras do barro brasileiro. Suas cabeças, à imagem de ex-votos, às vezes agigantadas e usadas até como bancos ou vasos, fazem sucesso em coleções importantes do País. “A gente só sabe o valor que a gente tem quando vai pro mundo”, diz Cida, dona de uma voz agreste, modulada e ciente do barro de si.
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