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Jaime Nicola: Um novo barroco brasileiro

José Nicola de Oliveira nasceu em Quipapá, no dia 18 de janeiro de 1959, município da Zona da Mata Sul de Pernambuco, perto da fronteira com Alagoas. Uma típica criança magnetizada pelos desenhos exibidos pela púbere TV brasileira nos anos 1960. Não tirava os olhos daqueles seres coloridos e articulados, chamados, entre outros, de Josie e as Gatinhas, Bam-Bam e Pedrita, Urso do Cabelo Duro (!). Sobre os calungas eletrônicos, além dos olhos, lançava também as mãos: “Eu vivia desenhando tudo que via na TV. Na escola, já morando no Recife, eu fazia desenhos, copiava. Não sei como surgiu isso, mais isso foi treinando meu desenho”.

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Aos 12 anos, já morando no Recife, Nicola fixou os olhos no trabalho de um vizinho em nada parecido com aqueles seres animados. Pilão e cinzeiros em madeiras. Talhas com homens subindo em coqueiros, marisqueiros, vaquejadas, pescadores, feirantes, vendedores de frutas. “Eu fiquei interessado em entender como é que se fazia aquilo. Eu já sabia desenhar, então, por que não fazer os desenhos direto na madeira? O trabalho daquele vizinho foi uma revelação para mim”.  A produção de paisagens feita por Nicola passou a ser vendida primeiro na praia, depois numa loja de artesanato que ficava no Hotel Boa Viagem. 

Os temas regionalistas predominavam até que, depois dos 17, confiança adquirida com a prática, o artista resolve fazer seu primeiro trabalho religioso. Saíam os temas regionais, entravam figuras arquetípicas do catolicismo moreno brasileiro. Aliás, intencionalmente moreno. 

Reconhecido como um dos mestres santeiros do Brasil desde as últimas décadas do século 20, Nicola buscava nos rostos da população os traços que acaba por imprimir em figuras de santas ceias, cabeças de Cristo e outros santos. “Eventualmente, claro, visito igrejas, museus, para observar as coisas, entender formas e estilos. Mas não tenho referências em grandes escultores da arte sacra brasileira. Sempre sei já o corte que vou dar.  Gosto de ver o rosto das pessoas na rua, rostos diferentes, de observar as fisionomias nas ruas e trazê-las para minhas figuras”. A primeira peça feita nesse sentido, portanto, foi uma cabeça de Cristo – um Cristo, portanto, mestiçamente brasileiro. 

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