J.Borges e a arte de escrever sobre casas
Numa casinha de reboco de um sítio chamado Piroca, José Francisco Borges rasgou o ventre da mãe. Era o dia 20 de dezembro de 1935. Jornal e cinema, nem pensar. Eletricidade, só no centro da cidade de Bezerros. Festas eram animadas com samba de toada e luz de candeeiro. Era um tempo, lembrava ele, em que rezadeira era o médico, remédio era chá de planta, e telefone era um grito.



As notícias do mundo lhe chegavam pelas rodas de cordel organizadas pelo pai na porta de casa. Só quando completou doze anos, apareceu a escola para o inquieto Borges estudar. Até ali, o menino não sabia ainda ler palavra ou escrever o próprio nome. Depois, o menino não podia ver um pedaço de papel em branco - ou parede sem uso. “Eu riscava casas abandonadas, até não ter mais espaço”, nos contou.
Borges aprendeu a ler e nunca mais voltou à escola. Começou a criar xilogravuras para ilustrar os próprios cordeis. Adulto, tinha já obras no acervo da Biblioteca Nacional de Washington, participou de importantes exposições no Brasil e fora dele. Montou um centro para sua arte em Bezerros. Ilustrou livros de referências de nomes da literatura ocidental, como o uruguaio Eduardo Galeano e o português Saramago. Morreu, em 26 de julho de 2024, aos 88 anos, de causas naturais. Lúcido e produtivo até pouco tempo antes.
Ariano Suassuna dizia: José Francisco Borges – ou, simplesmente, J. Borges – é o maior xilogravurista do Brasil.
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